Capitulo 58

Luan não se moveu do lugar, mas correspondeu ao meu beijo. Parei o beijo por falta de ar, de ambos, e Luan permaneceu parado.

-Luan o que está acontecendo com você?- passei a mão pelo seu rosto, e ele fexou os olhos enquanto eu lhe fazia carinho
Eu percebi que não podia mais lutar contra o que eu sentia pelo Luan. Não dava mais para mim tentar acreditar que amava o Lucas. Eu estava enganando a mim mesma. Era o Luan que eu amava. E eu queria cuidar dele, mesmo tento que esconder a minha dor. 
-Laura eu preciso de você e o Matheus ao meu lado!- ele sussurrou
-Nós vamos estar!
-Você promete?
-Eu prometo!- selei nossos lábios-Luan vem... tem que fazer um curativo na sua mão!
Demorei alguns minutos para conseguir tirar os caquinhos da sua mão, e fazer o curativo.
-Pronto Luan! Vê se não faz mais isso!- passei minha mão em seus cabelos e ele suspirou fundo
Luan continuou sentado na cama, em silêncio. Eu me levantei e fui para o banheiro, tomar um banho. Eu estava no chuveiro quando vi a porta do banheiro se abir. Era ele. Continuei virada para o lado da parede, e não demorei sentir seus braços me envolverem.
Me virei de frente pra ele, e o beijei.

(...)
-Luan é hoje!- mordi o lábio, tentando não chorar
-Estamos juntos nessa. Não estamos?
-É claro que estamos!
-As malas já estão arrumadas?
-Sim, eu só preciso me arrumar.
-Tá bom. Eu vou lá com o Matheus.
Luan saiu do quarto e eu fui me arrumar.

Eu não queria ir embora dali. Pois eu sabia que chegando em São Paulo teria que enfrentar a realidade. Eu estava com medo de saber o resultado dos exames de Matheus. 
-A gente tem que voltar aqui mês que vem.- Matheus disse enquanto Luan colocava as malas no carro
-Nós vamos voltar filho!- Luan disse
-Pai você podia comprar um cavalo.
-Eu vou comprar.- ele pegou Matheus no colo
-Luan.- olhei o reprendendo.
-Que foi? Sempre quis um cavalo.- ele deu de ombros sorrindo e eu revirei os olhos.
Luan fechou a casa e partimos para Londrina, fomos todos em silêncio, eu e o Luan as vezes trocávamos alguns olhares. Estávamos perdidos em pensamento, eu estava morrendo de medo do resultado dos exames, Luan se perdia por conta do não cancelamento dos shows.
Olhei para Matheus e vi que ele dormia.
-Luan...- o chamei baixinho.
-Oi?- ele me olhou desviando a atenção da estrada por um instante
-Eu, am- mordi o lábio inferior.- Pensei no que você disse.
-E?- ele perguntou triste.
-Eu não tenho direito de tirar o Matheus de você em um momento desses.- falei baixinho, suspirando.
-Você quer dizer que...- ele sorriu graciosamente.
-Eu vou voltar a morar com você...
-V-você, e.. ta falando sério?- ele me olhou bobo
-Presta atenção na estrada.- dei um tapa no seu braço e ele riu.
-Eu só quero um tempo pra falar com o Lucas.
-Liga pra ele!
-Luan, por favor...
-Pra que tanta enrolação Laura? Vai direto ao ponto.
-Eu não quero magoar ele.
-Mas...
-Nada tá? Depois do hospital eu vou pra lá conversar com ele.
-Tudo bem.- ele deu de ombros, sorrindo mas apertando com força o volante.
Assim que o Luan estacionou no aeroporto eu desci do carro, quando fui abrir a porta para pegar o meu filho o Luan me segurou.
-O que foi?- me virei pra ele que sorria.
-Obrigado.- ele colocou uma mexa do meu cabelo atrás da orelha.
-Pelo que Luan?
-Por voltar a morar comigo.
-É pelo Matheus.
-Que seja, obrigado.- ele falou próximo demais de mim, e eu me perdi olhando para sua boca, que tinha um sorriso safado.
-Canalha.- sussurrei e o beijei.

-MAMÃE!- Matheus gritou chorando, fazendo nós dois nos separarmos.
-Eu pego.- Luan riu abrindo a porta do carro.- pronto filho.- Ele falou pegando ele no colo.- vamos para casa, vamos.
Matheus dormiu na viagem novamente, e eu e o Luan fomos o olhando.
-É normal ele dormir tanto assim?- Luan perguntou acariciando meus cabelos.
-Não, talvez seja alguma reação da doença.
-Vamos perguntar pro médico então.
-Eu estou com tanto medo.- confessei e ele me abraçou suspirando.
-Eu também, mas vamos passar por isso junto.
-Vamos.- sorri amarelo
Eu consegui dormir por um tempo, Luan me acordou quando estávamos pousando em São Paulo.
-Laura vamos almoçar lá em casa? Ai depois do almoço nós vamos para o hospital.
-Tá bom.- concordei
Matheus já havia acordado, mas mesmo assim Luan o pegou no colo para levar para o carro, que estava nos esperando.
-Avisou Angelina que vamos almoçar em casa?- Luan pertou ao motorista
-Sim senhor.
Durante o trajeto até o condominio da casa de Luan, Matheus observava a cidade pela jalena do carro, enquanto eu e Luan trocávamos olhares.
Ao chegamos, suspirei fundo antes de descer do carro. Aquele lugar me trazia tantas lembranças, boas e ruins.
-Dona Laura?- Angelina parecia bastante surpresa ao me ver ali
-Oi Angelina!- lhe abracei
-A senhora voltou?
-Mais ou menos.
-O almoço está pronto Angelina?- Luan perguntou
-Está sim. Já vou por na mesa.
Luan foi no banheiro, e eu fiquei na sala. Comecei observar a casa, que continuava igual. Eu realmente sentia falta de quando morava ali. Um porta retrato da estante me chamou atenção, me aproximei mais para ter certeza que não estava vendo coisas. No porta retrato estava uma foto minha e do Luan, no dia do nosso casamento. Aquela foto nunca esteve ali, e em nenhum outro lugar da casa.
Não entendi o motivo daquela foto estar ali, afinal nosso casamento foi uma farça. Eu não tinha nenhuma lembraça boa do dia em que nos casamos.
-Ah, eu achei essa foto e resolvi colocar ai.- Luan disse, me fazendo levar um susto
-Que susto Luan!- ele riu
-O almoço já está na mesa.
-Vamos almoçar filho!- chamei Matheus, que estava sentando no sofá, mechendo no celular
Durante o almoço ficamos em silêncio.
-Vocês estão estranhos.- Matheus disse
-Por que filho?
-Quase não falam. E ficam se abraçando, e parece que ficam chorando.
-Só estamos com saudades um do outro.- Luan disse
-Então quer dizer que nós vamos voltar a morar aqui mamãe?
-Aham.
-Que legal. Agora vamos morar de novo com o papai.- ele sorriu- O tio Lucas vai vir morar aqui?
-Não. Ele vai continuar lá.
-Ah.
-Você prefere morar lá ou aqui?- Luan pertou
-Aqui.- Matheus disse, fazendo Luan sorrir-Já acabei.- Matheus disse empurrando o prato- Posso ir pro meu quarto?
-Pode filho!- Matheus pegou o celular e saiu apressado para o quarto
-Viu, ele sente saudades daqui.- Luan disse
-Eu sei.- suspirei fundo
-Você não vai comer?- ele perguntou olhando meu prato,que ainda estava cheio
-Não tenho fome.
-Você precisa comer Lau.
-Mas...
-Mas nada.- ele falou decidido, sentando ao meu lado.
-Vai comer tudo! Ta pior que o Matheus.
Luan me obrigou a comer um pouco, depois eu fui me arrumar. Coloquei esse look:

E me sentei esperar o Luan, que não demorou aparecer.
-E ai?- ele suspirou me abraçando de lado.
-Eu estou com medo de ir...
-Eu também.- Ele beijou minha testa.- Mas vamos enfrentar essa juntos, tudo bem?
Concordei sorrindo amarelo.
-O Matheus precisa ir junto?
-Não. Vamos deixar ele com a Angelina? Não quero que ele veja a nossa reação dependendo do resultado.
-Ok.- ele assentiu.- Vou conversar com ele e vamos!
Concordei novamente e ele saiu. Assim que ele fechou a porta meu celular tocou, era o Lucas.
-Oi...
-Onde você está?
-Na casa do Luan.- suspirei.- Já estamos indo pro hospital.
-Vai vir direto pra ca?
-Não sei Lucas.- mordi o lábio.- Precisamos conversar.
-Sobre?- ele perguntou angustiado.
-Não quero falar pelo telefone.
-Mas...
-Depois Lucas.
-Tudo bem.- ele bufou.- Me avisa o que deu nos exames pelo menos?
-Claro!
-Vai dar tudo certo tá?- ele falou manhoso.- Eu te amo, muito!
-E-Eu também.
-LAURA!- Luan gritou.
-Lucas, preciso ir...
-Tudo bem. Te amo
Desliguei sem responder. Eu ainda não sabia de onde tiraria forças pra contar para ele que voltaria a morar com o Luan.
-Lau, vamos?- Luan abriu a porta e eu assenti.
Fomos em silêncio o caminho todo. Eu rezava que já que tínhamos ganhado a pior noticia das nossas vidas, que fosse a melhor alternativa das piores.
Assim que o Luan estacionou no hospital ele virou pra mim, apertando a minha mão.
-Não importa qual vai ser o resultado, nós três vamos passar por isso juntos, tudo bem?
Concordei deixando as lágrimas escaparem.
-Não chora.- ele pediu com os olhos já marejados, me abraçando.
-Isso não devia acontecer com ele.
-É a coisa mais injusta do mundo, eu sei.- ele concordou.- Fica calma.- ele beijou minha testa.- Precisamos descer.
Assenti e descemos.
O Médico não demorou nos chamar, mas quando fui levantar do sofá minhas pernas bambearam e o Luan me segurou.
-Seja forte.- ele sussurrou e me ajudou a ir até o consultório.
A cara do médico não era das melhores, mas eu não sabia o que pensar naquele momento, a única coisa que eu queria era acordar naquele momento e ver que tudo não passava de um pesadelo.
-Como anda o nosso campeão?- Foi a primeira coisa que ele perguntou depois de nos cumprimentar.
-Aparentemente normal.- Luan falou cansado.- Ele está dormindo mais que o normal...
-Isso é um dos sintomas que podem vir a acontecer no paciente. Mas, eu não quero me demorar, sei que vocês estão angustiamos.
-Muito.- sussurrei e o Luan apertou minha forte a minha mão.
-A noticia que eu já dei para vocês não foi boa, e eu precinto que essa também não vai ser.- ele falou calmo, olhando para o exame.- Eu sei que não tem nada a ver comigo, mas qualquer brasileiro informado sabe que vocês não estão mais juntos.- concordamos.- Mas se possível, agora vocês devem passar o máximo de tempo junto com o filho de vocês, pois não será fácil.
-Doutor, qual dela que é?- Luan pediu com lágrimas nos olhos.
-O filho de vocês está com Leucemia aguda.- Ele contou e eu desmoronei, juntamente com o Luan.